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Como representar o Brasil?

Para @clubedolivrodesign

 

Contar histórias e criar imagens sobre o Brasil e a sua cultura é algo que motiva e instiga muitos criativos. Nosso país é diverso, pode aparecer no processo criativo a sensação de que estamos excluindo algo ou retratando a realidade de forma imprecisa. Podemos, no entanto, lidar com esse briefing de maneiras diferentes, identificar quais narrativas ainda não foram contadas, quais narrativas podem ser descritas de uma nova maneira e quais precisam mudar urgentemente, pois contribuem para desigualdades estruturais que enfrentamos como coletivo.

 

Com o @clubedolivrodesign, decidimos abrir uma conversa sobre esse tema tão importante. Como representar o Brasil? Quais histórias ainda precisam ser contadas? Qual nova perspectiva podemos ter?

Imagine que você precisa criar a imagem de um país que possui as seguintes características:

O briefing

→ Concentração de renda
→ Múltiplas formas de discriminação
→ Relação difícil com o passado
→ Beleza natural impressionante
→ Cultura rica e plural

@clubedolivrodesign
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Ao longo dos anos, várias tentativas foram feitas para capturar essa complexidade por meio de bandeiras, hinos, obras de arte, cédulas de dinheiro, selos e até pela construção de uma nova capital em tempo recorde. No episódio do podcast “Brasil: Primeiras Imagens”, do projeto Lombada do Clube do Livro, essa questão é explorada, visitando o passado distante, o passado recente, o presente e um caminho futuro da nossa imagem.

Primeiras Imagens do Brasil

Uma das primeiras descrições do Brasil foi feita por Hans Staden em seu livro “Duas Viagens ao Brasil”, publicado em 1557, que se tornou um dos primeiros best-sellers da Europa. No entanto, a visão do Brasil que ele apresenta reflete sua experiência como refém dos indígenas Tupinambá, que, segundo ele, pretendiam devorá-lo.

O filósofo francês Michel de Montaigne contestou a visão europeia do Brasil ao afirmar: “Acho que não há nada de bárbaro e selvagem nessa nação, a não ser que cada um chame de barbárie o que não é seu costume”.

Mudando o foco

A filósofa e antropóloga brasileira Lélia Gonzalez avança no tema da formação do Brasil, cunhando o termo “Améfrica Ladina”. Essa nomenclatura retira o foco da latinidade e dos laços com a Europa, destacando a contribuição de outras populações nesse processo, como os ameríndios e os povos de origem africana.

Nós somos as curvas

Kiko Farks, um dos responsáveis pela criação da Marca Brasil disse: “Alguns povos são retos, e nós somos curvos. Quer dizer, o brasileiro tem uma maneira de se relacionar, de dizer as coisas ao contrário.”

Temos a autonomia de criar nossas próprias imagens

O antropólogo Darcy Ribeiro, autor de “O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil”, tem um conselho valoroso sobre esse assunto: “A coisa mais importante pros brasileiros… presta atenção. O mais importante é inventar o Brasil que nós queremos.”

Identidade em movimento.

Fonte de inovação cultural brasileira.